Cenário Econômico – março/22

O fechamento do primeiro trimestre de 2022 apresentou ótimos resultados para os investimentos, especialmente no mês de março. O comunicado do COPOM (Comitê de Política Monetária) de que o fim do ciclo de alta na taxa SELIC poderia estar próximo, reduziu os juros futuros, impulsionando os preços dos ativos. No exterior, a guerra na Ucrânia segue gerando incertezas, apesar da recuperação do mercado internacional de ações. A inflação doméstica preocupa após a divulgação do IPCA mensal.

O banco central norte-americano resolveu mudar de tom a respeito da transitoriedade da inflação do país. Na metade de março, o Federal Reserve elevou suas taxas de juros em 0,25% a.a., e sinalizou mais seis aumentos ainda durante 2022. Esta medida tem como objetivo controlar o nível de inflação no país, que sofreu novos choques ocasionados pelo conflito na Ucrânia, que não dá sinais de arrefecimento no curto prazo. A tensão geopolítica continua a impactar os preços das commodities, uma vez que Rússia e Ucrânia são importantes fornecedores globais de energia e produtos agrícolas. Se houver um cessar-fogo no conflito, o preço do petróleo pode recuar para níveis pré-guerra. Além disso, a liberação de parte das reservas estratégicas de petróleo dos Estados Unidos tende a ajudar a conter os preços.

No cenário doméstico, os títulos públicos obtiveram ótimos ganhos após o comunicado do COPOM a respeito da possibilidade de encerramento do ciclo de alta da taxa SELIC depois da próxima reunião de maio. A nova elevação da taxa SELIC para 11,75% a.a. já estava precificada pelo mercado, todavia, o resultado da inflação de março preocupa. O aumento dos preços dos combustíveis no mês passado foi medido pelo IPCA deste mês, e causou volatilidade no mercado de títulos públicos. Na renda variável, a bolsa cresceu 6,06% e o dólar caiu 7,81% no mês, repetindo a tendência de influxo de capital estrangeiro no Brasil nos últimos meses.

Entre os subíndices do IMA, os destaques foram a forte recuperação dos índices de carteiras de prazos mais longos. O IRF-M 1+, prefixado acima de um ano, passou de uma queda de 1,72% até o dia 16 de março para uma variação positiva de 2,58% no pós-Copom, resultando em avanço de 0,81% no mês. Nesse mesmo período de comparação, as NTN-Bs com prazo acima de cinco anos, replicadas na trajetória do IMA-B5+, passaram de -0,94% para 4,54%, com variação em março de 3,56%, o maior retorno mensal entre os índices do IMA. No ano, a melhor performance é do IMA-B5, NTN-Bs com prazo de até cinco anos, que avançou 0,61% e acumula 3,81% no trimestre.

O comportamento recente da curva de juros mostra que as expectativas estão mais bem ancoradas para os títulos de prazos médios, embora também haja uma assimetria de riscos nos prazos mais longos. O resultado da inflação de março estressou os juros de longo prazo, porém parece não ter afetado as expectativas para prazos mais curtos. Assim, seguimos recomendando alocações maiores nos índices de prazos mais curtos, especialmente em títulos pós-fixados. No entanto, para o investidor com maior apetite a risco, alocações em índices de títulos prefixados de médio e longo prazos podem oferecer bons rendimentos caso a inflação ceda nos próximos meses.

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