Cenário Econômico – Fevereiro/22

O segundo mês de 2022 ficou marcado pelo acirramento da crise no leste europeu, com a invasão do território ucraniano pelo exército russo. O mercado financeiro reagiu negativamente a nível internacional, enquanto os efeitos no Brasil foram amortecidos por outros fatores. Todavia, os riscos de estagflação (inflação com baixa atividade econômica) no Brasil e no mundo, devido à alta nos preços das commodities, adicionam incertezas aos mercados.

A invasão da Ucrânia pela Rússia mexeu dramaticamente o tabuleiro geopolítico, e afetou os mercados internacionais de diversas maneiras. A União Europeia e os EUA implementaram pesados pacotes de sanções econômicas contra a Rússia em retaliação, em uma tentativa de isolar o país economicamente do resto do mundo. Os efeitos estão sendo sentidos nas cadeias de suprimento de commodities, especialmente de gás natural, petróleo e fertilizantes agrícolas. O barril de petróleo do tipo Brent acumulava alta de 45% até fevereiro, afetando as projeções de inflação de maneira generalizada, visto que as variações nos preços deste bem tendem a se espalhar por toda a cadeia produtiva. Estes fatores estão reforçando as expectativas de alta das taxas de juros nos EUA, já nas próximas reuniões do Federal Reserve; e na Europa, em menor ritmo.

Apesar do cenário adverso, o impacto na economia brasileira é contraditório. Por ser um país exportador de commodities, o Brasil tem se beneficiado do movimento dos preços internacionais, aumentando suas receitas de exportação e atraindo moeda estrangeira. Além disso, o Brasil se tornou alternativa para o investidor estrangeiro, tendo em vista sua relativamente baixa exposição econômica aos efeitos da guerra. Por outro lado, o aumento nos preços dos combustíveis e dos fertilizantes agrícolas impactam diretamente os custos produtivos da economia, especialmente da agroindústria. As consequências poderão ser sentidas nos preços ao consumidor generalizadamente, visto que aumentos nos preços dos combustíveis contaminam os demais custos, especialmente de transporte. Por enquanto, o influxo de capital estrangeiro tem impulsionado a bolsa de valores B3, que se valorizou 0,89% em fevereiro.

Na renda fixa, os títulos públicos de curto prazo novamente foram os que obtiveram melhores rendimentos no mês. O destaque é para o IMA-B5, que rendeu 1,06% e acumula 1,18% de variação em 2022. O IRF-M1 e o IMA-Geral variaram 0,74% no mesmo período, acumulando 1,38% e 0,95% em 2022, respectivamente. O IMA-B e IMA-B5+, índices de títulos pós-fixados de prazos mais longos, cresceram 0,54% e 0,01% respectivamente, em virtude da leve alta na curva de juros no mês. Destaca-se também o CDI, que rendeu 0,75% no mês e acumula 1,49% em 2022, tendendo a continuar sua valorização conforme o Banco Central eleva taxa SELIC tentando conter o avanço da inflação, que registrou variação de 1,01% no IPCA mensal.

As expectativas de inflação estão se alterando no mundo todo, inclusive no Brasil. O Relatório Focus apresenta 9 semanas seguidas de alta para o IPCA projetado de 2022 até a data da redação deste informativo. No entanto, o movimento de alta na SELIC iniciado em 2021, e que colocou a taxa em patamar considerado elevado, foi tempestivo ao antecipar também o choque do conflito Rússia-Ucrânia. Desta maneira, mantidos os demais fatores constantes, o CDI continuará sendo ator principal das carteiras de investimentos, enquanto as aplicações em prazos curtos e médios da curva de juros poderão se beneficiar de um eventual acordo de paz na Europa.

Rolar para cima