Cenário Econômico – agosto/22

Os resultados dos investimentos em renda fixa em variável no mês de agosto foram novamente positivos de maneira geral, com destaque para as ações brasileiras e títulos públicos prefixados de longo prazo. A atividade econômica doméstica segue superando as expectativas, ao passo que a inflação no Brasil e no mundo dá sinais de enfraquecimento, por motivos variados.

No exterior, o risco geopolítico segue como pano de fundo, porém com consequências econômicas ainda mais concentradas geograficamente. Assim como no Brasil, a inflação tem desacelerado globalmente em virtude do recuo das cotações de commodities, especialmente do barril de petróleo. Entre o início de junho e final de agosto, a cotação do petróleo acumulou mais de 30% de queda. Por consequência, se espera que a inflação dos EUA também recue nos próximos períodos, aliviando a pressão sobre o Federal Reserve para subir suas taxas de juros para patamares maiores do que os já sinalizados pela autoridade monetária. Na Europa e na China, a atividade econômica não mostra resultados tão bons. No caso europeu, o aperto monetário para conter a inflação no continente – com a atividade já desaquecida –, associado às complicações decorrentes da guerra na Ucrânia, a dinâmica de crescimento poderá ser comprometida nos próximos anos. No gigante asiático, o governo permanece estimulando fiscal e monetariamente a economia para compensar os efeitos dos repetidos lockdowns no país.

No cenário doméstico, a atividade econômica segue sendo destaque positivo, ao mesmo tempo que os índices de inflação recuam. O resultado do PIB do 2º trimestre de 2022 foi de avanço de 1,2% em relação ao trimestre anterior, e de 3,2% em relação ao mesmo período de 2021, ambos acima das expectativas. A normalização do consumo das famílias em função das políticas de transferência de renda, e a reorganização parcial das cadeias globais de oferta, foram os principais ingredientes desta dinâmica. No campo monetário, a inflação brasileira registrou mais um resultado negativo, com o IPCA recuando 0,36% em agosto. Este resultado é fruto de três principais fatores: a política monetária restritiva (nível alto da taxa SELIC), recuo nos preços internacionais de commodities, e redução das alíquotas tributárias nos preços dos combustíveis.

Com isso, as expectativas de inflação e taxa de juros futuros também recuaram, elevando os preços dos títulos públicos. O IMA-Geral, que reflete a carteira de títulos públicos marcada a mercado, valorizou 1,40% em agosto, acumulando retorno de 6,45% no ano. O destaque foi o IRF-M 1+, que apresentou a maior rentabilidade mensal pelo segundo mês consecutivo – valorização de 2,60% no período – entre os subíndices do IMA. Os papéis prefixados mais curtos, com prazo de até um ano (IRF-M1), variaram 1,23%. Entre os títulos indexados ao IPCA, o IMA-B5+ registrou recuperação expressiva em agosto, com um avanço de 2,49% no período e 2,65% acumulado no ano. Esse resultado ocorre depois de uma queda acumulada de 2,92% em junho e julho, o que sugere ter acontecido um ajuste do mercado diante de prêmios mais atraentes desses papéis. Vale destacar que a carteira das NTN-Bs com prazos até cinco anos (IMA-B5) registrou estabilidade (0%) em agosto, resultado semelhante ao de julho. No ano, o IMA-B5 acumula crescimento de 6,62%. O Ibovespa passou a operar no campo positivo no acumulado do ano, com 6,16% de alta em agosto e 4,48% em 2022.

A dinâmica da inflação nos meses recentes aponta para um aparente alívio da inércia inflacionária, nem tanto pelos resultados negativos recentes (a deflação não deve permanecer no longo prazo), mas pelo comportamento geral dos núcleos de preços. Desta forma, se reforça a tendência verificada nos últimos meses, constatando-se que a necessidade de formar posição em investimentos atrelados à títulos prefixados é cada vez mais importante.

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